Aliviado. Empolgado. Realizado. Qualquer um dos sentimentos pode definir como o zagueiro Thiago Silva recebeu a reportagem do Esporte Espetacular em Paris, na última quarta-feira. E tudo isso porque o seu nome voltou a figurar na lista de convocados da seleção brasileira para os próximos jogos da equipe, contra Bolívia e Venezuela, pelas eliminatórias da Copa de 2018, na Rússia. Um dia antes de completar 32 anos, o defensor do Paris Saint-Germain abriu o coração. Não fugiu de nenhum tema, fez uma revelação ao relembrar a pergunta que mais ouvia no período de mais de um ano longe da seleção brasileira.
– Por que você está na seleção da Fifa, melhor (zagueiro) do mundo três anos seguidos, e não está na seleção brasileira? Sinceramente, era difícil explicar. E o mais difícil era explicar pros meus filhos que o pai deles não estava na seleção brasileira. Sempre que eu via um jogo da Seleção, eles perguntavam: pai, por que você não está lá? E você não poder responder.
Thiago não dava entrevistas exclusivas para veículos do Brasil há mais de um ano. Nem ele lembrava-se da última. Afirmou que foi “auto defesa” ficar sem falar, principalmente depois que passou a ser preterido por Dunga, ex-treinador da Seleção. E o caminho rumo ao retorno, o defensor do PSG lembra-se muito bem.
O que te afastou da Seleção? Foi aquele toque de mão contra o Paraguai?
Não acredito, sinceramente não acredito porque todos nós que jogamos futebol, no esporte coletivo, você tem erros, é normal, somos seres humanos, você erra. Falar pra você que fiquei fora por aquele toque de mão, não acredito que tenha sido. Mas sim por outros fatores que agora não me importam saber porque já é passado. Agora é colocar uma pedra em cima para esquecer.
E em cada convocação do Dunga você renovava a esperança em ser chamado outra vez?
Quer que eu seja sincero? Não, não esperava. Era uma coisa quase perdida, não tinha tanta esperança de voltar.
Alguém, filho, sua mulher, amigo, já te perguntou: “Thiago, você faz parte da seleção da Fifa, mas não faz parte da seleção brasileira”. Já te perguntaram isso?
Muitas pessoas. Inclusive, pessoas próximas chegaram a conversar comigo sobre um possível deixar a seleção brasileira. Falei: “isso eu não vou fazer nunca. Não vou fazer nunca isso. Por mais que seja difícil estar fora, eu nunca vou fazer”. Falar: “A partir de hoje eu não jogo mais com a camisa da Seleção. Isso eu não faço”. É diferente de um treinador te deixar fora, outra é você falar que não quer mais. Nunca passou pela minha cabeça. Por que você está na seleção da Fifa, melhor (zagueiro) do mundo três anos seguidos, e não está na seleção brasileira? Sinceramente, era difícil explicar. E o mais difícil era explicar pros meus filhos que o pai deles não estava na seleção brasileira. Sempre que eu via um jogo da Seleção, eles perguntavam: pai, por que você não está lá? E você não poder responder.
Você viveu em comunidade, viu tiroteio de perto, depois quase morreu de tuberculose na Rússia. Você já passou de tudo nessa vida e não teve coragem de bater um pênalti. O que se passou ali?
Os meus últimos cinco pênaltis (antes da Copa) no PSG, eu fiz o primeiro e perdi os outros quatro. Sendo eliminado de duas Copas aqui e eu não estava com a confiança pra bater. Lembro até que brinquei e falei com o Felipão: bato depois do Júlio César. Ele está com mais confiança do que eu. Mas não era o simples fato de chegar lá e, como capitão, se esconder, de nenhuma maneira. Eu não posso assumir uma coisa que eu esteja sem confiança e jogar tudo por terra.
Se acontecesse de novo uma situação de o Brasil numa disputa de pênaltis, você repetiria a decisão ou hoje você aceitaria?
Hoje eu aceitaria, hoje eu aceitaria, cobraria o pênalti. Sempre nos finais dos treinamentos eu estou procurando bater uns pênaltis pra ir pegando confiança. Se eu não treinar vou estar sem confiança sempre.
O Tite vem revezando os capitães e só escalou até agora jogadores que já tiveram essa experiência. É o seu caso, por exemplo. Por onde passou foi líder, foi capitão. Se ele te chamar pra ser o capitão na sua volta, você aceita?
Aceitaria, aceitaria. Não é que aconteceu a situação que todos sabem da faixa, mas aceitaria sem problema nenhum e se não tiver que ser também não tem problema nenhum. Nunca cobrei de nenhum treinador essa situação. Ancelotti, Allegri, Leonardo, Blanc, Mano, Felipão… Foram situações que foram acontecendo ao longo da minha caminhada.
Fonte : G1