José Ataide


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Temer diz que é contra anistia a caixa dois e nega ter orientado aprovação

NOVA YORK (Reuters) – O presidente Michel Temer disse nesta quarta-feira que, pessoalmente, é contra a possibilidade de uma anistia ao caixa dois em campanhas e negou que tenha orientado a base governista no Congresso a aprovar o perdão aos candidatos que usaram recursos não contabilizados em campanhas eleitorais.

“Foi surpreendente para mim, não dei orientação nenhuma. Quando chegar lá (no Brasil) vou analisar essa questão”, disse Temer em entrevista coletiva em Nova York.

O presidente afirmou que pedirá esclarecimentos sobre o episódio depois de parlamentares da base tentarem aprovar uma anistia ao caixa dois eleitoral.

“Pessoalmente, acho que isso não é bom, não é bom para ninguém, mas eu vou chegar lá, eu quero que esclareçam isso. Quero que não pareça uma interferência minha no Poder Legislativo, vocês sabem que eu não interfiro no Legislativo nessa matérias, nem no Judiciário, então registrem bem que eu vou examinar essa questão lá no Brasil, mas não quero interferir jamais nas competências do Legislativo”, disse Temer.

O Palácio do Planalto tentou se distanciar do problema criado pelos parlamentares na última segunda-feira. No entanto, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, defendeu que o Congresso precisa discutir a necessidade de uma mudança na legislação “sem histeria”.

“O Ministério Público apresentou uma proposta de criminalização do caixa dois. Se já é crime, por que criminalizar? Estou fazendo uma análise apenas sustentada na lógica. Não estou defendendo anistia”, disse o ministro à Reuters.

Geddel ressaltou que é uma opinião pessoal, e não uma posição do governo. Disse, ainda, que não vê necessidade de o governo como um todo ter uma opinião a respeito e que o Congresso que deve discutir o assunto.

“É uma opinião pessoal, não é uma posição de governo. Eu tenho direito a ter uma opinião”, disse.

“É um tema que tem de ser debatido sem censura. Se vai ser votado, cabe ao Congresso. Se for criminalizar o debate no Congresso não tem o que fazer”, defendeu o ministro.