José Ataide


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Polícia do Rio indicia 10 por cambismo na Olimpíada e quer ouvir presidente do COI

A polícia do Rio de Janeiro indiciou 10 pessoas suspeitas de envolvimento em esquema de venda ilegal de ingressos nos Jogos Olímpicos de 2016, entre elas o dirigente irlandês Patrick Hickey, e quer ouvir o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, que trocou mensagens e cedeu ingressos a Hickey, afirmaram delegados nesta quinta-feira.

O inquérito sobre o esquema de cambismo já foi encaminhado ao Ministério Público do Rio, que ofereceu denuncia à Justiça.

A polícia alega que Hickey, ex-presidente do Comitê Olímpico da Irlanda e membro do COI, era parte de um esquema envolvendo a revendedora irlandesa oficial de ingressos para os Jogos, a PRO10 Sports Management, que tem base em Dublin, e a empresa de hospitalidade esportiva internacional THG Sports. Eles acusam a PRO10 de passar os ingressos para a THG, que os vendia ilegalmente por preços mais altos.

“Temos um vasto material que confirma toda investigação da polícia, são emails entre Patrick e Evans (da THG), em que eles falam bem claramente da venda de ingressos, preocupação com a polícia e vinculação entre THG e PRO10, que foi criada para apenas transferir ingressos a THG”, disse a jornalistas o delegado Ricardo Barboza.

“Foi o comitê que indicou a THG para os Jogos de Inverno e de Londres 2012. Havia um vínculo estreito entre eles.”

Os 10 indiciados pela polícia pelos crimes de cambismo, marketing de emboscada e organização criminosa são: Hickey e Martin Burke, do comitê irlandês; cinco representantes da THG (Kevin Mallon, Marcus Evans, Martin Stuart, Martin Van OS e David Patrick) e três da PRO10 (Maicon Glynn, Eamonn Collins e Ken Muray).

O MP incluiu na denúncia Barbara Carnieri, que fazia um trabalho de intérprete para a THG, e deixou de fora Burke, cujo indiciamento ainda estaria em processo de conclusão. O MP acrescentou ainda os crimes de estelionato, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

Segundo as apurações da polícia, há suspeitas de que o Comitê Olímpico da Grécia também possa ter participado do esquema com a THG, que já vinha sendo investigada desde a Copa do Mundo de 2014. Diferentemente do comitê irlandês, que cedeu seus próprios ingressos para o esquema ilegal, no caso dos gregos há suspeitas em relação à venda de ingressos que eram destinados ao público grego interessado na compra de bilhetes.

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) –