José Ataide


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Meu Diário da Copa: O Grupo E seria o ‘da morte’ se não fosse óbvio

Alemanha, Espanha, Japão e Costa Rica. O Grupo E da Copa do Mundo do Catar 2022 poderia ser considerado o “da morte”. No entanto, é difícil encontrar alguém que bata o olho nesta chave e não crave as duas potências europeias nas oitavas de final. Eu mesmo ainda não encontrei. 

 

 

Não são as melhores seleções de Alemanha e Espanha da história – longe disso -, mas é difícil imaginar Japão ou Costa Rica, apesar de organizados, fazendo o suficiente para chegar pelo menos ao segundo lugar. 

 

O Japão é, ao lado da Coreia do Sul, a seleção mais tradicional da Ásia. Maior campeão continental, o país participou de todas as Copas do Mundo desde que esteve no torneio pela primeira vez, em 1998. Não tem o melhor desempenho asiático – este pertence aos sul-coreanos, em 2002 -, mas foi quem mais vezes avançou ao mata-mata. 

 

Para 2022, os nipônicos vêm com uma seleção renovada graças ao processo de investimento nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Nada de nomes como Kagawa e Honda, velhos conhecidos do público brasileiro – o último até jogou no Botafogo. Os laterais Sakai e Nagatomo – sim, ele mesmo – devem ir ao Catar, mas provavelmente ficarão no banco. 

 

Os verdadeiros protagonistas dessa equipe são o zagueiro Tomiyasu, o volante Endo, o meia Minamino e os atacantes Junya Ito e Osako – este foi o artilheiro do país nas eliminatórias asiáticas, com 10 gols marcados em 11 jogos. 

 

É uma boa seleção, que fez boa campanha na eliminatória – terminou em segundo do Grupo B, com 22 pontos, um a menos que a líder Arábia Saudita – mas caiu em um grupo que não a permitirá alcançar o patamar que merece. 

 

UMA LEMBRANÇA FELIZ 

 

A Costa Rica, por sua vez, aposta mais na mística do que em qualquer outra coisa para ter esperança de avançar de fase. Em 2014, o país caiu no mesmo grupo de Itália, Inglaterra e Uruguai e avançou na liderança, sem perder nenhum jogo. Foi eliminado apenas nas quartas de final, pela Holanda, nos pênaltis (!). 

 

Oito anos depois, a seleção tem seus pilares envelhecidos. O goleiro Keylor Navas, de 35 anos, é o principal destaque. Atualmente, está na reserva do Paris Saint-Germain (PSG). O meia Bryan Ruiz, de 37, é uma presença que não agrada a todos, e deve começar o Mundial no banco. 

 

Já o atacante Joel Campbell, de 30, segue sendo fundamental. Foi dele o gol contra a Nova Zelândia, na repescagem, que garantiu a Costa Rica no Mundial. Sua função em campo, contudo, passou a ser mais recuada, e a principal esperança de gols da seleção é, atualmente, o jovem Anthony Contreras, de 22 anos. 

 

O camisa 9 ainda joga no futebol local, no CS Herediano, e balançou as redes oito vezes em 24 partidas na temporada. A tendência é que ele e Campbell formem o ataque costarriquenho.

 

SEMPRE FORTES 

 

Apesar de ter sido eliminada na primeira fase, pela primeira vez na história, na Copa do Mundo de 2018, a Alemanha é uma seleção que nunca se pode subestimar. Os números falam por si. Maior presença em finais (oito), quatro títulos, quatro terceiros lugares, 19 participações em Mundiais – só não esteve em 1930, no Uruguai – segundo país com mais gols marcados (206)… daria para ficar citando dados até amanhã. 

 

Nós, brasileiros, vimos de perto a força alemã em 2014. O momento em 2022 não é, nem de longe, o mesmo. As eliminatórias foram irretocáveis – nove vitórias e uma derrota em 10 jogos -, mas contra adversários sem grande prestígio no futebol: Macedônia do Norte, Romênia, Armênia, Islândia e Liechtenstein. 

 

Em 2020, o país foi eliminado da Eurocopa nas oitavas de final, quando perdeu para a Inglaterra por 2 a 0. Em 2021, depois de quase 17 anos, o técnico Joachim Low deixou o comando técnico do time nacional. Ele deu lugar a Hans-Dieter Flick. 

 

Sob Flick, a Alemanha terminou a Liga das Nações A em terceiro de sua chave, atrás de Itália e Hungria e à frente da Inglaterra. Foram 7 pontos conquistados em 6 partidas, com apenas uma vitória, quatro empates e uma derrota, 11 gols marcados e nove sofridos. 

 

O time deve ter, no Catar, menos nomes da geração que acabou com o Brasil. O zagueiro Matt Hummels, por exemplo, não deve ser convocado. O volante Toni Kroos deve amargar o banco de reservas. O atacante Thomas Müller provavelmente jogará no meio. 

 

Gnabry, Sané, Harvertz e Timo Werner são os jogadores que têm a responsabilidade fazer os gols alemães, o que deixa algumas dúvidas sobre um possível favoritismo. 

 

O mesmo argumento que utilizei para a Alemanha serve, em menor escala, para a Espanha: não dá para subestimá-los. Apesar de não ter uma história tão vasta em Copas como o principal rival dessa primeira fase, a Fúria é, desde 2008, uma seleção de primeiro escalão do futebol mundial. 

 

A geração de Xavi, Iniesta, Xabi Alonso, Fábregas, Casillas, Puyol, Sergio Ramos e Busquets encantou o mundo e conquistou duas Eurocopas (2008 e 2012) e a Copa do Mundo de 2010. É triste para o torcedor espanhol, mas essa geração não existe mais. Dos citados, apenas Busquets deve ser titular no Catar. 

 

A ideia, porém, persiste. Ainda que sem o talento técnico, os comandados de Luis Henrique se utilizam de um coletivo forte para se tentarem fazer frente aos principais candidatos ao título. 

 

Do meio para frente, por exemplo, o time deve ser formado por Pedri, Gavi, Sarabia, Ferran Torres e Morata. Nada espetacular, né? E a falta de gols ilustra bem isso. Foram apenas 15 nas eliminatórias. Número bem inferior aos de Inglaterra (39), Alemanha (36), Holanda (33), Dinamarca (30), Polônia (30) e Bélgica (25). Dentre os primeiros colocados, foi o pior ataque, ao lado da Suíça. 

 

Ainda assim, é um time que deve controlar a posse de bola em seus jogos e impor seu estilo. As atuações na fase de grupos serão cruciais para determinar o fim da história espanhola na Copa do Mundo do Catar. 

 

Palpite: 

 

1) Alemanha 

2) Espanha 

3) Japão 

4) Costa Rica

Fonte:BN