José Ataide


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Festa tricolor!

Há exatamente trezentos e sessenta e seis dias, o Esporte Clube Bahia comemorava o título de Campeão do Nordeste de 2002. O tempo e os adversários foram grandes inimigos durante o passar dos anos, que foram transformados em um jejum angustiante. Uma década de espera e sofrimento. Queda para Série C, desabamento de parte do Estádio da Fonte Nova, retorno à elite do futebol brasileiro e à volta a uma competição continental. Tudo se tornou ingredientes para receita do bolo da festa tricolor. Até que neste domingo, dia 13 de maio de 2012, curiosamente também o dia das mães, o tricolor baiano pôde sentir pela 44º vez o gosto de levantar o troféu de Campeão Baiano ao empatar com o Vitória por 3 a 3, em Pituaçu. A coroação de uma bela campanha para ninguém botar defeito. Foram dezessete triunfos, sete empates e três derrotas.Sobram motivos e energia para comemorar. Afinal, dez anos sem títulos não são dez dias. No entanto, falta tempo. Quinta-feira (17), às 21h, o Bahia inicia contra o Grêmio a disputa por uma vaga nas semifinais da Copa do Brasil. O primeiro jogo será em Pituaçu, e mais uma vez deve contar com a presença dos 32.215 fanáticos tricolores.

Foto: Max Haack / Bahia Notícias

 

Quase um mês sem jogar, tudo isso por causa de um edema na coxa, o atacante Marquinhos foi uma das surpresas da escalação do Vitória. Tartá foi recuado para atuar como quarto homem de criação. Geovanni foi para o banco. Mesmo lugar de Gabriel Paulista, que não reconquistou o lugar na defesa. No Bahia, Paulo Roberto Falcão fez o que já era esperado por todos. Morais como opção para o decorrer da partida e o esquema tático com três volantes: Diones, Fahel e Hélder.

Início eletrizante
O jogo começou nervoso. Mas, quatro minutos foram o suficiente para que o Vitória trocasse de endereço o destino do troféu estadual. Victor Ramos teve liberdade de avançar e levantou na área. Neto Baiano ganhou de Rafael Donato e testou para abrir o placar. Marcelo Lomba ficou parado, só olhando a bola tocar no fundo da rede. A vantagem do Bahia em jogar pelo empate não durou quase nada. Alias, o mesmo tempo em que o rubro-negro esteve com ela. Quatro minutos para lá, quatro para cá. Aos 8, Gabriel cobrou falta no segundo pau. Lá estava Fahel, sem qualquer marcação. O volante dominou e soltou uma bomba em cima de Douglas, que não teve o que fazer. Tudo igual em Pituaçu. O clássico não poderia ter começado melhor. Dois gols em menos de dez minutos. Aos 12, Pedro Ken bateu o escanteio e a zaga do Bahia cortou errado. Tartá pegou a sobra e mandou uma bomba, por cima da meta. Não era repetição. Aos 17, Marquinhos cobrou o escanteio no segundo pau, onde estava Pedro Ken. O meia cabeceou para o meio e Titi tirou fraco demais. De primeiro, mas de direita, Neto Baiano encheu o pé e a bola pegou em cheio no poste. Por muito pouco o Leão não ficou, mais uma vez, na frente do placar.

Chances para os dois lados
Neste momento do clássico, o Vitória precisava vencer. A formação do Bahia ajudava. Os três volantes (Fahel, Hélder e Diones) preocupavam-se apenas na marcação, o que dificultava o abastecimento do ataque. O esquema utilizado por Ricardo Silva era semelhante. O diferencial era Pedro Ken, que sempre aparecia como opção pelo lado direito. O Bahia, que até então se preocupava mais na marcação, quase virou aos 33 minutos. Fahel apareceu como homem surpresa, pelo lado direito, e cruzou rasteiro. Lulinha finalizou de letra e Douglas espalmou para escanteio. Faltava tempo para respirar. O goleiro do Vitória tirou de soco a cobrança feita por Gabriel e ligou o contra-ataque imediatamente. No mano a mano com Hélder, Marquinhos ganhou na velocidade e bateu de esquerda. O camisa 10 do Bahia se recuperou a tempo e travou o chute, no carrinho. E foi na mesma estratégia de jogo, usando do contra-ataque que Lulinha perdeu a melhor oportunidade da primeira etapa. Pouco depois da metade do campo, o atacante tirou Victor Ramos da jogada e disparou sem ninguém pela frente. O camisa 11 tentou tirou do goleiro Douglas, mas o chute saiu pela linha de fundo.

Confusão e virada do Bahia
Já no final do primeiro tempo, a história do primeiro tricolor se repetiu. Desta vez só mudou o protagonista. Sai Fahel e entra Gabriel. O destaque do tricolor no primeiro semestre cobrou falta na grande área e ninguém cortou até a bola chegar lentamente ao fundo do gol. Os jogadores do Vitória partiram para cima do árbitro Luiz Seneme e pediram falta no goleiro Douglas, que segundo eles teria sido deslocado por Titi. A polêmica estava criada e o primeiro tempo encerrado.Os dois gols marcados pelo tricolor quebrava uma sequência de cinco partidas consecutivas sem balançar duas vezes á rede adversária no mesmo jogo

Dinei entra e vira o jogo
Ricardo Silva mudou o intervalo. Tirou Marquinhos, que saiu devendo muito, e colocou Dinei. Mais um homem de área. No entanto, foi o Bahia que quase ampliou o marcado, com menos de um minuto. Gabriel puxou o contra-ataque e deixou para Madson. O lateral-direito engrenou toda velocidade e cruzou. Victor Ramos não cortou certo e Souza ficou com a bola. O ‘Caveirão’ dominou, olhou e chutou na trave. Dois minutos foram o suficiente para o tricolor chegar mais uma vez. Hélder arriscou de fora, mas sem muito perigo. O Vitória precisava vence e por isso deu espaços. Aos 8, mais uma polêmica. Wellington Saci cobrou o escanteio e Seneme viu pênalti de Diones em Rodrigo. Neto Baiano na bola. O maior artilheiro do Brasil na temporada, não só igualou ao recorde de Claudio Adão como maior artilheiro da história do estadual, como recolou o Vitória na briga pelo título. Apesar do tento marcado, o rubro-negro precisava de mais para levantar o caneco. O Bahia teve a chance de ficar à frente do placar, mas Douglas evitou. Aos 11, Gabriel cobrou falta e, de cabeça, Titi exigiu uma brilhante defesa do arqueiro do Leão. Alteração feita por Ricardo Silva no intervalo surtiu feito pouco depois. No minuto seguinte, Pedro Ken puxou o contra-ataque pela esquerda e viu Dinei, do outro lado, livre. O meia cruzou e o camisa 18, de peixinho, virou. Vitória 3 a 2 Bahia. Pela segunda vez, o troféu estaria em direção ao Manoel Barradas.

Bahia empata e Lomba salva
Falcão demorou, mas mudou. Tirou Fahel, que já tinha amarelo, e botou Morais. Alteração para dar mais criatividade ao time que nesse momento só precisava de mais um gol. O tento de empate saiu aos 26, sempre pela jogada aérea. Rafael Donato desviou a cobrança de falta feita por Morais e Douglas deu rebote. De bico, quase sem ângulo, o volante empurrou para o fundo do gol. Mais um empate em Pituaçu e o título no Fazendão. Aos 28, quase o quarto. Morais lançou Gabriel. O camisa 8 disparou pela direita e cruzou rasteiro para Souza. Antes do centroavante, Victor Ramos deu carrinho e jogou para escanteio. Da mesma forma que o primeiro clássico, o treinador Paulo Roberto Falcão reclamou da arbitragem e foi expulso. O Bahia fez a última mudança. Vander entrou no lugar de Gabriel para dar mais velocidade aos contra-ataques. Aos 34, Hélder saiu do campo de defesa e foi levanto até intermediária adversária. De lá, o volante lançou Souza, que demorou demais no chute e perdeu a bola. Três minutos depois, o ‘Caveirão’ não desistiu do lance e rolou para Hélder. O camisa 10 invadiu a grande área e chutou cruzado. Se toca, Vander estava sozinho esperando o passe na frente do gol. Era lá e cá. Mas, ainda faltava um grande personagem da história. Em dois lances, o goleiro Marcelo Lomba evitou o pior. Aos 39, Geovanni cruzou e Victor Ramos testou para grande defesa do camisa 1. No rebote, Donato botou para escanteio. A cobrança exigiu de novo de Lomba. O cruzamento parou nos pés de Rodrigo Mancha, que ficou de frente para o crime. O volante encheu o pé e o arqueiro tricolor operou um milagre. Vandere e Uelliton se estranharam, aos 42, e foram expulsos. Dez para cada lado e poucos minutos para o Vitória buscar o quarto gol, que levaria ao título. Seneme deu mais quatro de acréscimo. No primeiro minuto além do tempo regularmentar, Pedro Ken aproveitou o vacilo de Gerley e ficou sozinho. O pegou embaixo da bola e isolou. Aos 47, Souza agrediu Gabriel Paulista e foi expulso. Neto Baiano, que já estava substituído tentou acelerar a saída do adversário e também recebeu o cartão vermelho.

FICHA TÉCNICA
Bahia 3 x 3 Vitória – Final
Local: Estádio de Pituaçu, em Salvador (BA)
Data: 13/05/2012
Árbitro: Wilson Luiz Seneme (FIFA-SP)
Auxiliares: Márcio Eustáquio Santiago (FIFA-MG) e Rodrigo Pereira Jóia (FIFA-RJ).
Gols: Fahel, Diones e Gabriel (Bahia) / Neto Baiano e Dinei (Vitória)
Cartões amarelos: Fahel, Diones, Morais e Souza (Bahia) / Tartá, Victor Ramos e Pedro Ken (Vitória)
Cartão vermelho: Souza, Vander e Omar (Bahia) / Neto Baiano (Vitória)
Público: 32.157
Renda: R$ 795.585,00

Vitória: Douglas; Romário (Gabriel), Victor Ramos, Rodrigo e Wellington Saci; Uelliton, Rodrigo Mancha, Pedro Ken e Tartá; Marquinhos (Dinei) e Neto Baiano (Geovanni). Técnico: Ricardo Silva.
Bahia: Marcelo Lomba;. Madson, Rafael Donato, Titi e Gerley; Diones; Fahel (Morais), Hélder e Gabriel (Vander); Lulinha (Fabinho) e Souza. Técnico: Paulo Roberto Falcão.

Fonte: Bahia Notícias