José Ataide


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Esquema de cambismo descoberto nos Jogos do Rio preparava atuação em outros eventos, dizem fontes

RIO DE JANEIRO (Reuters) – O grupo acusado de cambismo na Olimpíada do Rio de Janeiro se preparava para atuar em outros grandes eventos esportivos internacionais, como Jogos de Inverno e a Olimpíada de Tóquio 2020, segundo fontes da polícia do Rio.

A descoberta foi feita a partir de documentos e emails apreendidos durante uma grande operação realizada durante a Olimpíada do Rio, em agosto, e que levou à prisão por alguns dias os irlandeses Kevin Mallon, diretor da empresa THG, e Patrick Hickey, ex-presidente do Comitê Olímpico da Irlanda.

“As trocas de mensagens, planilhas e documentos analisados robusteceram as investigações e mostram que o negócio era muito grande. Vem de outras competições e já estava sendo preparado para as próximas competições“, disse à Reuters nesta quarta-feira uma fonte ligada às investigações.

Uma outra fonte policial acrescentou que “o esquema é mais antigo e muito maior do que se imagina”.

O inquérito sobre o cambismo na Olimpíada já foi concluído e encaminhado ao Ministério Público. Ao menos 9 pessoas, entre elas Hickey e Mallon, foram indiciadas pela polícia pelos crimes de cambismo, marketing de emboscada e associação criminosa, cujas penas podem chegar a até 8 anos de prisão.

Paralelamente, a polícia apura um possível operação de lavagem de dinheiro de empresas ligadas ao esquema ilegal de venda de ingressos.

Hickey era presidente do Comitê Olímpico da Irlanda e fazia parte da cúpula do Comitê Olímpico Internacional (COI) ao ser preso pela polícia em um hotel de luxo do Rio no dia 17 de agosto. Na semana passada, a Justiça revogou sua prisão preventiva.

Mallon também foi preso durante a Olimpíada e deixou o sistema penitenciário do Rio dias antes de Hickey.

O Comitê Olímpico da Irlanda e as empresas Pro10 e THG foram acusados pela polícia fluminense de montarem um esquema de venda ilegal de ingressos nos Jogos do Rio para faturar cerca de 10 milhões de reais.

A polícia do Rio também gostaria de ouvir o presidente do COI, Thomas Bach, na condição de testemunha das investigações, mas ele não virá ao Brasil para a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos, nesta quarta-feira.

(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)