José Ataide


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Entrevista exclusiva de Cristóvão Borges

E com o bom início de Brasileirão, Cristóvão Borges já enxerga o resgaste da confiança e da alegria no Bahia. E o técnico garante que o time continuará “ousado”. “Quero ir longe, ver o Bahia disputar a Libertadores… Seria um grande feito”, afirmou o técnico em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br durante sua visita aos canais ESPN, nesta quinta-feira, em São Paulo.

Leia abaixo a entrevista na íntegra com o técnico do Bahia

ESPN.COM.BR – Você chegou em um Bahia passando momentos turbulentos dentro e fora de campo. Como foi o início do trabalho no clube?
Cristóvão Borges – Realmente, o Bahia estava em dificuldades quando nós chegamos, um momento conturbado, era um clube triste, com a torcida desacreditada. A primeira providência era trabalhar o lado psicológico. Os jogadores assimilaram nossa filosofia de trabalho, e eles gostaram. Consegui dar uma forma de jogar, organização ao time. Mas a mentalidade tem que caminhar juntamente aos resultados, e as vitórias apareceram, isso fortaleceu, resgatou a confiança. Temos um time confiante, ousado, o que era impossível no começo.

E com essa ousadia, até onde o Bahia pode chegar no Brasileirão?
Hoje, não dá para dizer. Quero ir longe, ver o Bahia disputar a Libertadores… Seria um grande feito.

Você já conversou com o interventor (Carlos Rátis) que está no lugar de Marcelo Guimarães Filho após a destituição do presidente?
Conversei com ele ontem (quarta-feira) depois do jogo. Eu já sabia disso – situação política -, mas o importante é que, sendo o presidente ou o interventor, todo mundo pensa no melhor para o Bahia. O futebol fica em paz para trabalhar. Mas não tem como ficar alheio a tudo o que acontece.

Vendo o banco de reservas, apareceu o nome de Freddy Adu. Como é ter um nome conhecido como ele e como está sendo a adaptação dele ao Bahia?
Tem que sentir respeito. Não é só ele, tem Obina, Souza, outros ídolos da torcida, e o tratamento é de respeito. Tem que aproveitar a oportunidade, todos estão tendo chances. Todos precisam ficar bem, por isso estimulo a disputa. Freddy Adu parece brasileiro. Ele está muito à vontade, à vontade até demais. Ele tem boa técnica, muita disciplina tática – o que vem da escola dos Estados Unidos.

E como foi o período após a saída do Vasco?
A experiência no Vasco foi enriquecedora. Eu saí, fui refletir, e analisei o que poderia fazer melhor. Criei um grupo de estudos com Rodrigo Poletto (preparador físico), Sebastião Rocha e Cassiano de Jesus (auxiliares). Pesquisei o que estava se trabalhando de melhor no mundo. Vimos vídeos, livros, pesquisamos na internet. Então, aperfeiçoamos o treinamento, tentando adaptações do que estudamos. Priorizamos os trabalhos técnicos, pois uma coisa que vimos é que no Brasil erra-se passes demais. Fomos atrás de escolas que hoje são melhores do que a nossa. Jogadores têm entendido bem.

E durante esse período, você recebeu propostas? Não quis aceitá-las porque não eram boas?
Recebi oito propostas, e ninguém entendia isso, por que fiquei fora do futebol. O Ricardo (Gomes) disse que eu não queria trabalhar. Mas aquilo (o tempo de estudo) era acertado. Foi o maior investimento da minha vida. Quis me preparar melhor.

Você deixou o Vasco exatamente após uma derrota para o Bahia (4 a 0 em pleno São Januário), em um momento já conturbado, que seguiu piorando. Como foi essa saída?
Eu que pedi para sair, o presidente não queria. O Vasco precisava de mudanças, e achei que se eu saísse elas começariam. Não foi o resultado do jogo. Fico triste pela atual situação, torcendo para que melhore. Falo sempre com Ricardo, tenho contato constante. Eles estão resolvendo, pois o time não tinha sustentação econômica. Mas o Vasco vai começar a mudar, as certidões negativas estão sendo liberadas, estão chegando patrocínios.

E, agora, para manter o Bahia entre os primeiros colocados do Brasileirão, o que é preciso fazer?
Tem que fortalecer. Eu sei que não tem como competir economicamente com Corinthians ou Internacional, mas os dirigentes estão trabalhando: acabamos de trazer Wallyson, do São Paulo, Angulo (lateral ex-Cúcuta), Fabricio (volante ex-Juventude) e Rafael Miranda (volante ex-Marítimo).
Reprodução:Do site espn.com.br